Arrecadações pontuais e mercado de trabalho aquecido ajudaram, mas analistas ainda não acreditam que será possível zerar o déficit até o fim do ano.
Dados prévios de janeiro indicam que a arrecadação federal cresceu na ordem de 6% em janeiro, surpreendendo as expectativas e ajudando as contas públicas a voltarem a ficar no azul no mês, depois de registrarem déficit em dezembro e encerrarem 2023 também no negativo, no segundo pior ano da história depois de 2020.
A melhora em janeiro, apontam analistas, foi ajudada por novas medidas arrecadatórias, como a taxação de fundos de investimentos exclusivos e no exterior, e pode dar um alívio ao governo nos primeiros meses. Mas gastos crescentes na outra ponta, além de dificuldades de aprovar novas medidas no Congresso neste ano, devem seguir dificultando a promessa do ministro da Fazenda de cumprir a meta de déficit zero estipulada pela lei orçamentária para 2024.
“A arrecadação deve continuar forte nos primeiros meses, mas depois deve perder tração, e pode ajudar, sim, a ter melhores resultados [no ano], mas não a cumprir a meta”, diz Tiago Sbardelotto, economista da XP Investimentos para a área fiscal.
Estimativas do BTG Pactual, com base nos dados da plataforma pública Siga Brasil, indicam que a arrecadação da Receita Federal com impostos somou 280,4 bilhões de reais no mês passado, um aumento de 6,6% na comparação com um ano antes, já acima da inflação.
A receita líquida total, que desconta os repasses feitos a estados, municípios e outros fundos, ficou em 238,3 bilhões de reais, 3,3% mais na comparação anual. Com gastos que cresceram 6,9% no mesmo período, para 158,5 bilhões de reais, o governo federal consegue fechar a conta de janeiro com um superávit primário de 79,7 bilhões de reais, nas estimativas do banco.
São 10 bilhões de reais a mais do que era esperado pelo mercado: as expectativas, acompanhadas pelo boletim Prisma Fiscal, do Ministério da Fazenda, eram de um superávit 69,8 bilhões de reais. Em dezembro, o governo teve um déficit de 116,147 bilhões. O resultado primário é a diferença entre tudo o que o governo gasta e tudo o que arrecada, sem considerar as despesas com juros.
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